Muitos alunos com NEE, em função da problemática que apresentam, necessitam de usufruir, ao longo do seu percurso escolar, de condições especiais de avaliação, o que significa que estarão sujeitos a uma avaliação diferenciada, podendo essa diferenciação manifestar-se:
- no tipo de prova ou instrumento utilizado
- na forma ou meio de expressão do aluno
- na duração ou peridiocidade
- no local de execução
Apesar de bastante divulgada no seio das escolas, como algo necessário ou imprescindível para os alunos, a verdade é que a questão da diferenciação da avaliação não é um tema fácil e a sua implementação nem sempre tem sido feita de forma a responder, eficazmente, às necessidades especificas dos alunos com NEE. Não havendo qualquer intenção de discorrer sobre os fins, objectivos e tipos de avaliação, a verdade é que o nosso sistema educativo tem ao longo dos tempos avaliado apenas os alunos, dando grande preponderância à avaliação escrita/testes, ignorando ou subvalorizando outros instrumentos alternativos. Como provavelmente a avaliação escrita dificilmente deixará de ter um peso significativo nas nossas escolas, era importante que os professores tivessem em consideração alguns aspectos na elaboração dos testes para alunos com necessidades educativas especiais. Em primeiro lugar é conveniente relembrar que um “teste adaptado” não é, necessariamente, um teste “mais pequeno” onde apenas se eliminam algumas perguntas. Um teste adaptado, se pretende, efectivamente, avaliar os conteúdos programáticos assimilados por um aluno com NEE, deve obedecer necessariamente a alguns requisitos. Assim, é importante que o professor, na elaboração de um teste, atenda aos seguintes aspectos:
- Não esquecer nunca a problemática do aluno. O docente deverá, em função dessa problemática, ponderar os espaços destinados às respostas, o espaçamento deixado entre linhas, o tipo e tamanho de letra a utilizar, o espaçamento e número de exercícios a colocar em cada página...
- Considerar, caso seja útil para o aluno, o uso de auxiliares como a calculadora ou a tabuada.
- Utilizar uma linguagem directa e clara nas questões que coloca. É importante ter em conta que muitos alunos com NEE não conseguem inferir nem ler nas entrelinhas.
- Evitar colocar enunciados longos ou questões subordinadas a pequenos textos, sobretudo, se o aluno apresentar dificuldades na área de Língua Portuguesa. O docente deve ter presente que o aluno pode saber os conteúdos, mas as suas dificuldades de interpretação poderão impedi-lo de responder correctamente às questões.
- Evitar, sempre que possível, questões de desenvolvimento que são particularmente difíceis para alguns alunos com NEE. As questões do teste devem ser elaboradas de tal modo que as respostas do aluno sejam o mais simples e directas possíveis.
- Eliminar as questões compostas por duas partes ou subdivididas. É importante ter em conta que, a maior parte das vezes, o aluno responderá apenas à primeira questão. Também na matemática, devem ser evitados os exercícios encadeados, em que as respostas dos exercícios anteriores se tornam em dados nos exercícios seguintes.
- Evitar colocar conceitos diferentes na mesma página do teste.
- Na elaboração do teste, o docente deve ter em atenção ao modo como varia o tipo de exercícios. É conveniente evitar a sucessão de exercícios muito distintos, que obriguem o aluno a recorrer a processos mentais diferentes.
- Sempre que existam dois vocábulos para um mesmo conteúdo, o docente deve disponibilizar, simultaneamente, os dois ao aluno (ex: hidratos de carbono/glúcidos).
- Em alguns casos, é importante que o docente elabore os testes ou questionários mantendo a mesma estrutura ao longo do ano. É preciso ter em atenção que a rotina e a previsibilidade são cruciais para alguns alunos com NEE.
- Dar instruções precisas e claras antes de cada exercício, para que o aluno saiba concretamente o que deve fazer. Mesmo nos exercícios de correspondência ou escolha múltipla o professor deve clarificar o que pretende que o aluno faça. Também na elaboração desses exercícios, a clareza deve estar presente, quer na linguagem utilizada quer na apresentação do exercício (evitar as correspondências entre mais de duas colunas, exercícios onde apareçam colunas numeradas com números e letras simultaneamente, com maiúsculas e minúsculas misturadas, com tracejados ou quadrículas ao lado das colunas para o aluno fazer as respectivas correspondências)
- O professor deve ter alguma preocupação com a apresentação visual das questões. Devem ser evitadas as situações em que uma imagem, gráfico ou enunciado fique numa página e as questões noutra.
- Elaborar os exercícios de forma a serem claros e previsíveis para o aluno. O aluno deve estar familiarizado com os exercícios e a linguagem empregue nos testes. É importante que a linguagem e os tipos de exercícios sejam parecidos aos do manual escolar. Muitos alunos com NEE ficam desorientados quando as questões ou os exercícios são apresentados de forma distinta.
- Ter cuidado com as apresentações visuais que vai utilizar no teste. O docente não deve esquecer que a informação visual deve ser sugestiva e inequívoca para o aluno.
Para finalizar, é importante que o aluno seja avisado atempadamente da data dos testes e dos conteúdos programáticos para o mesmo. Convém lembrar, que para muitos alunos com NEE, essa informação deve ser fornecida por escrito. O docente ajudará bastante o aluno com NEE se, em vez de lhe fornecer apenas os conteúdos programáticos, lhe fornecer um guião de estudo para o teste com as palavras-chave, conceitos, indicação de páginas a estudar ou exercícios de treino.